Casinha do Tejo - Janela da Esperança
Atualizado: 11 de out. de 2018
Quando a saudade a invadia, a Tia Milinha ia cortar umas canas na margem do Tejo, procurava na cesta dos trapos roupas que já não serviam, e sentava-se à janela da sua casa – hoje Casinha do Tejo, com o ar perdido no horizonte, à espera do barco que traria o seu Manel embarcado já há 2 semanas, enquanto maquinalmente fazia as Matrafonas – boneca tradicional de Constância feita de cana e roupas usadas para vender no mercado que havia todos os Domingos na Praça Nova por um escudo. Um escudo cada uma já dava para comprar o unto para temperar o caldinho feito com produtos da horta com que o Manel se regalava quando regressava de mais uma longa jorna de Punhete a Lisboa.

Mas o Unto servia também para impermeabilizar as botas.
O bacalhau, esse, só havia quando o seu marido conseguia uma boa troca nas docas. Trazia-o fora do barco mergulhado em água, preso por um baraço, como se de contrabando se tratasse. Assim era só desfiá-lo, juntar azeitona, alho, azeite, salsa, e assim se comia o saboroso Bacalhau à moda de Punhete.
A economia de Constância, assim denominada por Decreto Real de D. Maria II de 7 de Dezembro de 1836 por influência de seu marido D. Fernando de Saxo-Coburg Gotha oriundo de Austria onde há o Lago Constance e de seu ministro Passos Manuel, até então “Punhete” , baseava-se nas actividades ligadas ao rio e no comercio de mercadorias transaccionadas: Construção de barcos (Catraio, Canoa, Varino), transporte de mercadorias, de madeira, de carvão, sal e outras coisas mais.